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Do teatro à Sétima Arte

  • Diogo Augusto e Andréia Regina
  • 18 de dez. de 2015
  • 3 min de leitura

Quando tudo parece previsível, a vida surpreende com uma mudança e abala as estruturas daquilo que parecia organizado. Foi assim com a artista.

Tudo começou em um encontro informal com a atriz Norma Bengell em Brasília. Na ocasião, Norma disse que detestava teatro, pois a ideia de sempre repetir o mesmo texto e executar as mesmas ações era chato. Essas palavras não saíram da cabeça de Sandra, algo intrigante e, ao mesmo tempo instigante, fazendo “brotar” uma pergunta: se um dia me aventurar nesse universo, saberei como agir? Sentimento de quem está disposto a desbravar um terreno totalmente novo.

Adélia Prado foi a responsável indireta por transportar Sandra Emília para as telonas. Logo após recitar o poema Nossa Senhora da Conceição, do livro Oráculo de Maio, que a atriz começou sua trajetória. Talvez não tenha sido amor à primeira vista, mas de alguma forma foi inesquecível.

O início

O primeiro convite foi o curta “Brasileiro que nem eu”, cujo texto foi entregue na hora da gravação. Sandra Emília considerou aquilo um absurdo. Como uma atriz recebe o texto sem ao menos ter a oportunidade de construir o personagem? Naquele momento, ela só queria enfrentar o nervosismo de quem está começando. No entanto, ela detestou, achou tudo péssimo, afinal de contas, nunca havia feito nada tão rápido e sem profundidade. Naquela época, Sandra não contabilizava seus curtas, ela simplesmente fazia, sem se preocupar com números. Esse frescor da novidade e o trabalho com jovens conquistaram Sandra, que viu a possibilidade de renovação e de se entregar de vez à sétima arte.

O risco calculado nem sempre gera medo, mas coragem para enfrentar dificuldades. Assim, Sandra sempre esteve disposta, nesses 45 anos de carreira, a enfrentar possíveis entraves, como a escassez de ensaios do cinema em relação ao teatro. A luz também era uma dificuldade para Sandra. Segundo ela, essa é uma das vilãs do set de filmagem. A atriz costuma dizer que no teatro o grande protagonista é o ator em cena; mas, no cinema, quem “dá as cartas” é o som e a luz. Sem esses recursos nada funciona, tudo está condicionado a eles, mais uma prova da sua capacidade de se reinventar e entender que, a partir daquele momento, era necessário dividir a cena com esses elementos cinematográficos tão importantes.

Ser atriz

Para essa grande artista dos palcos, representar não é apenas decorar um texto. O ato de repetir falas não é necessariamente arte, pois não revela interpretação, "apenas vomita o texto", constata. O ator deve batalhar e estudar. Seu grande laboratório são as ruas, é pra lá que os olhos mais treinados se direcionam. A preparação de personagem para Sandra é igual ao processo de cozimento, ou seja, vai maturando, fervendo, colocando água morna, crescendo até explodir.

A sensação de se ver no cinema foi única. Ela tremia e não conseguia se enxergar nas telonas. A artista começou sua carreira em 1971 e, de lá pra cá, foram mais de 30 peças. Desde 2004, quando estreou no cinema, ela atuou em 21 curtas. Ao pensar nesses 44 anos de profissão, um filme passa pela cabeça de Sandra: Na infância, pendurava lençóis em cordas perto de sua cama e cobrava alguns centavos para que os amigos tivessem o prazer de vê-la dar os seus primeiros passos nos palcos. Também recebia de seu pai textos de teatro para que pudesse se divertir, imaginando cenários, roupas e situações. Até os dias de hoje a criação segue como uma aventura. “Eu vejo um filme lindo, maravilhoso, me sinto muito bem ao saber que meu trabalho foi reconhecido”, finaliza.

E assim sua vida segue, como em um roteiro de filme ou peça: leve, espontâneo e, acima de tudo, imprevisível. São muitas histórias e acontecimentos para contar, mas o destino tratou de pregar mais uma de suas peças na trajetória de Sandra, o seu primeiro curta de terror, "Cabrito", traz uma história soturna, misteriosa, de conteúdo psicológico pesado e que envolve personagens carregados de mistério.

 
 
 

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