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O sonho do futebol no Haiti

  • Rafael Campos | CC (BY-NC-SA)
  • 19 de fev. de 2016
  • 3 min de leitura

Se alguém te pedisse para descrever o Haiti, provavelmente a resposta seria das piores. O forte terremoto em 2010 e a pobreza são alguns dos indicadores das dificuldades encontradas por lá. Agora, imagine se você recebesse uma proposta de emprego no país. Foi o que aconteceu com Rafael Novaes, técnico de futebol que em busca de seus sonhos se tornou treinador do time haitiano Pérolas Negras.

É clichê falar da paixão do brasileiro pelo futebol e do sonho das crianças em se tornarem jogadores. Rafael Novaes não fugiu desse caminho e até jogou nas categorias de base do Fluminense. O objetivo de se tornar jogador não se realizou, mas o esporte continuou em sua vida. A formação em Educação Física foi a ponte para se tornar treinador. Em Juiz de Fora, trabalhou em várias escolinhas de base, sendo dez anos dedicados à Associação Esportiva Uberabinha.

Desde 2011, Rafael Novaes é treinador da equipe haitiana Pérolas Negras | Arquivo pessoal

Antes do convite para trabalhar no Haiti, o treinador estava disputando o Campeonato Mineiro sub-20, pelo Sport Club Juiz de Fora. “Fiz a entrevista e recebi a resposta que tinha passado. Estava no meio do campeonato e tinha que decidir entre ir para o Haiti ou terminar a competição. Pensei muito, e escolhi abraçar o projeto”, relembra Rafael sobre sua ida, em 2011, para o projeto social da ONG brasileira Viva Rio, que realiza projetos sociais no Haiti.

A decisão estava tomada e o treinador sabia que o desafio seria gigante. O país tinha acabado de sofrer com um grande terremoto de grau sete, o que só o assustou mais. A missão era passar por cima de todas as dificuldades e transformar os sonhos dos garotos em realidade. “A gente veio para diminuir essa distância entre o querer e o poder.”

Segundo o técnico brasileiro, uma das grandes dificuldades foi a estrutura. O pouco investimento para o futebol que havia no país era direcionado para o time adulto. Esses problemas e a distância mexeram com Rafael Novaes. “Sofri muito no começo por ser muito apegado a minha família e amigos. Tive que segurar a vontade de voltar, nesse início turbulento, mas foquei no trabalho e nos meninos.”

Haiti na Copinha

O treinador conta que participar da Copa São Paulo de Futebol Júnior sempre foi um sonho, que realizaram neste ano. “Corremos atrás e, através do Itamarati, tivemos a liberação da Federação Paulista para participar. Foi uma oportunidade única e esperamos voltar no próximo ano com mais experiência.”

Rafael Novaes em ação, com o Pérolas Negras, na Copa São Paulo 2016 | Arquivo pessoal

No torneio, o Pérolas Negras estava no grupo 28, junto ao Juventus, ao América Mineiro e ao São Caetano. “Os brasileiros são mais técnicos e habilidoso, nosso diferencial é a parte física. Tivemos bons momentos, mas faltou definir as partidas”, avaliou Rafael Novaes, mesmo com as três derrotas na primeira fase.

A repercussão da participação da equipe no Brasil surpreendeu toda a comissão técnica. Agora, o projeto vai seguir em Paty do Alferes, no Rio de Janeiro, com garotos do sub-20. No Haiti o trabalho continua com os atletas de 12 a 17 anos, com duas a três visitas do staff brasileiro para acompanhá-los.

Presente e futuro

Treinar uma grande equipe é o sonho de Rafael para o futuro, mas no momento o desejo é crescer ainda mais com o projeto. “Ainda penso em fazer o curso de treinador da CBF. Quando eu jogava, queria ser profissional e cheguei na base do Fluminense. Não tenho pressa, mas continuando esse trabalho e me especializando, penso em ser treinador de um grande clube”, conta o treinador que vê com bons olhos a possibilidade da parceria com o Audax Rio, na categoria sub-20.

 
 
 

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