Chuteiras na bagagem
- Gustavo Fonseca e Rafael Campos
- 25 de fev. de 2016
- 3 min de leitura
Vida de jogador de futebol profissional é muito corrida, além de ser uma carreira em que geralmente não se passa dos 40 anos. Os atletas ficam sujeitos à instabilidade nas mudanças de clube e cidade. A adaptação nas transferências nem sempre é fácil, principalmente quando o novo time está do outro lado do país ou até em outro continente. Novas culturas, alimentação e, sobretudo, a distância da família, balançam os boleiros.
Respeita o moço!
Mesmo com a pouca idade, o meia-atacante do Tupi, Ygor, 23, já tem experiência. Revelado no América Mineiro, também atuou em Goiás e no Rio Grande do Sul, além de Minas Gerais. Foi no Esportivo que o atleta conheceu sua cidade favorita até agora na carreira. “Nunca tive problema com adaptação. O lugar que mais gostei foi Bento Gonçalves. Por se tratar de uma cidade histórica, que mostra a cultura italiana e alemã. Foi bastante curioso, porque lá as pessoas fazem da cultura deles, sua realidade”, avalia.

Ygor em ação pelo Tupi | Foto: Felipe Couri / tupifc.esp.br
O jogador segue o caminho da maioria, ressaltando a falta da família como a maior dificuldade. “Te exige ficar quatro meses longe e a distância atrapalha muito. Por outro lado, sabemos do que gostamos e passamos por cima.” Superando as adversidades, Ygor vê com tranquilidade a pressão da torcida. ”A torcida cobra muito, mas nós também. Eles querem ver gol, se fizermos não vai ter dificuldade”, afirma o atleta que teve sua primeira passagem no Tupi em 2013. Na época, veio para Juiz de Fora por empréstimo e, neste ano, inaugura a segunda temporada consecutiva no clube.
A falta que ela faz
“O mais difícil é quando minha esposa não me acompanha”, define o lateral Osmar, 34. Para o capitão do Tupi, que se diz acostumado, esse é o único problema da profissão. “Eu saí de casa com 14 anos pra jogar futebol e virou rotina na minha vida. Já estou há muitos anos nessa estrada e amo o que eu faço, se pudesse voltar atrás, faria tudo de novo.”

O capitão Osmar com a esposa Milene | Arquivo pessoal
Apesar da saudade, a proximidade de Juiz de Fora com Belo Horizonte (onde a esposa mora) facilita. A distância fez com que o atleta não classificasse a cidade atual como uma das melhores em que já morou. Para ele, São Caetano do Sul, Goiânia e Natal ficaram no topo da lista.
Ganhando o Velho Continente
Na Europa estão os melhores e mais promissores profissionais do futebol. O Velho Continente é o objetivo de muitos jogadores que sonham com uma carreira de sucesso dentro do esporte. As principais ligas, como a Inglesa, a Espanhola e a Alemã, atraem futebolistas de todos os cantos do planeta. Procurando seu espaço neste cenário, o juiz-forano Wesley Moraes, de apenas 19 anos, já começa a construir sua vida no estrangeiro. Recém-chegado ao Club Brugge, principal equipe da Bélgica, Wesley tenta ganhar lugar como atacante do time titular.
Criado no bairro Santa Luzia, o jogador passou pelas bases do Grêmio e Atlético Mineiro aqui no Brasil antes de chegar à Europa. “Tentei entrar em vários clubes antes de ser aceito. Rodei o Brasil. Rio de Janeiro, São Paulo. No começo é complicado, mas depois a gente acostuma.”
Destaque nas categorias de base, com 1,90m de altura, o jogador logo chamou atenção dos empresários internacionais. “Forte e com presença de área”, como se define, Wesley começou a treinar com a equipe do Atlético de Madrid. Na Espanha, passou a ter contato com os profissionais do elenco. “Ali tive a oportunidade de conviver e treinar com os profissionais de um dos melhores times do mundo. Passei a viver o dia a dia deles, entendi que minha vida estava mudando”, avalia.
De Madrid, para Nice, na França, onde teve rápida passagem, Wesley transferiu-se para o AS Trencín, da Eslováquia, no último semestre de 2015 e entrou em campo pela maior competição do continente, a UEFA Champions League. Contra o Steua, da Romênia, mostrou que tinha capacidade para ser a principal arma da equipe. “Fui colocado no fim do primeiro jogo, perdendo por 2 a 0. Foi minha estreia. Na partida da volta, comecei como titular, fiz dois gols, ganhamos por 3 a 2, mas fomos eliminados.” O jogador marcou seis gols em 18 jogos no campeonato Eslovaco.
Para Wesley, a vida na Europa é diferente em relação ao Brasil, mas ele entende que esse processo é necessário na sua profissão. “Na Eslováquia não saía muito, indo apenas do clube para o hotel onde eu moro. A língua não dificulta, no futebol todos nos entendemos. Tenho saudades de casa, mas isso faz parte e eu estou procurando me formar aqui” explicou, sabendo que muitos gols e novas experiências o aguardam em seu futuro.
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