Mergulhando entre cidades e profissões
- Gian Rezende | CC (BY-NC-SA)
- 1 de mar. de 2016
- 3 min de leitura
Raphael Lemos nasceu em Juiz de Fora e aos sete anos de idade se mudou para Muriaé, onde passou a infância e a adolescência com a família de sua mãe. Aos 15 anos, trabalhou de office boy na prefeitura da cidade, atuando no setor de licitações e no gabinete. Em 2005, aos 18, voltou para Juiz de Fora para estudar, trabalhar e também por não acreditar que Muriaé pudesse oferecer o estilo de vida que ele desejava.
A volta para Juiz de Fora
Raphael cursou a faculdade de jornalismo, e, durante esse período, trabalhou na central de regulação do SUS. Depois de formado, seu primeiro emprego na área foi como repórter na Rádio Catedral, onde atuou por três anos.

Raphael atuando na Rádio Catedral | Arquivo pessoal
Quando retornou à Juiz de Fora, teve dificuldade em encontrar uma moradia. Inicialmente, morou com sua avó, mas depois sentiu necessidade de encontrar um lugar só dele: “A parte mais chata mesmo é moradia. Porque a não ser que você viva com parentes, como foi no meu início aqui, você tem que dividir apartamento com gente que nunca viu na vida, com outros hábitos, preferências e costumes. Isso gera estranheza e alguns conflitos às vezes, mas não deixa de ser uma experiência enriquecedora. Ao resto, adapta-se.”
Raphael teve que se acostumar com o ritmo mais acelerado de Juiz de Fora. Pergunto se ele sente falta dos familiares e como ele faz para encontrá-los: “Da minha parte, é tranquilo. Eu sempre fui meio ‘desgarrado’ mesmo. De vez em quando bate saudade, mas eles sempre acabam vindo ou eu dou um pulo lá, então dá para administrar. Talvez uma pessoa mais apegada sinta mais o choque, mas acho que depois de algum tempo todo mundo acostuma.”
Relação com as cidades
Mesmo sendo juiz-forano, Raphael viveu grande parte de sua vida em Muriaé. Quando pergunto qual a maior diferença entre as duas cidades, ele diz: “O calor! Muriaé realmente é um inferno de quente, mas tem gente mais acolhedora também. Não que a galera aqui seja antipática, mas é realmente um pessoal mais reservado em um primeiro momento. É basicamente isso. Quem faz a cidade são as pessoas.” Embora prefira o clima acolhedor de Muriaé, Raphael enumera vários pontos favoráveis que o seduziram a começar uma vida adulta em Juiz de Fora: “Curto a diversidade daqui, foi uma das coisas que eu mais curti quando me mudei: tem gente de tudo quanto é tribo, o que dá espaço para você ser o que quiser sem ter que para isso morar numa São Paulo da vida. Por sinal, esse é outro aspecto legal.”
Hoje em dia Raphael volta frequentemente para Muriaé para visitar parentes e amigos, mas já se acostumou com a vida por aqui. Quando está aqui, diz sentir falta da família e os amigos que deixou lá. E quando está em Muriaé, sente falta do ritmo de Juiz de Fora. Raphael diz que viajou bem menos do que gostaria, embora tenha migrado de um canto a outro diversas vezes. Também revela que prefere viajar fora de temporada, porque tem menos gente nos lugares e isso dá oportunidade de conhecê-los melhor. O turismo nacional é, para ele, bastante atrativo, principalmente o ecoturismo e os esportes radicais: “A gente tem lugares bem bacanas aqui por perto mesmo, na Costa Verde e na Região dos Lagos. Quem tiver interesse em conhecer uma cultura diferente dentro do Brasil, o Nordeste e o Centro-Oeste são bem legais. O lugar mais legal para mim foi Bonito, no Mato Grosso do Sul. Aquilo é um espetáculo para quem gosta de natureza e tem ‘canelas’ para isso. A gente vive provavelmente em uma das maiores concentrações de destinos para ecoturismo do mundo. Opção não falta.”

Raphael mergulhando em Porto Seguro - BA
Atualidade de vida e de mercado
Há dois anos e meio, Raphael é editor web do globoesporte.com Zona da Mata, Centro-Oeste e Triângulo Mineiro. Ele acredita que Juiz de Fora o atraiu profissionalmente devido ao fato de ser um mercado maior, com mais oportunidades, principalmente de aprendizado. “Juiz de Fora não é o lugar para ir pensando em decolar na carreira, mas é um senhor primeiro passo. É uma cidade com estrutura e tamanho legais, mas que não sofre de forma intensa com situações comuns a cidades maiores.”
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