Cultura do Estupro
- Isabel Senna, Manuela Castor e Gabriel Duarte
- 28 de jun. de 2016
- 2 min de leitura
Precisamos falar sobre a cultura do estupro. Mas usar o termo “cultura” não seria banalizar o ato, tornando-o algo normal? Muita gente tem questionado e criticado o uso da palavra, não entendendo sua função. Então vamos refletir um pouco: não é um termo que transforma a violência sexual em algo banal e sim as pessoas.
São inúmeros os rótulos que estampam as vidas das mulheres diariamente e, depois que acontece o estupro, servem como “justificativa” para uma atitude desumana. Isso não foi criado hoje, existe desde sempre. A cultura do estupro precisa ser entendida e discutida, então trouxemos um ensaio fotográfico que representa uma pequena parte do que é ser mulher e não ter liberdade.

A desobediência se junta ao pecado e à sexualidade, gerando a “culpa”. Culpa de quem? A mulher foi taxada como tentadora, vem carregando consigo essa etiqueta há muito tempo e a consequência é o medo. Teme-se sair na rua sozinha e ser vista como um pedaço de carne.

A liberdade da mulher foi aprisionada, como resultado do processo de ser obrigada a se tornar pertence de alguém. Da casa grande à senzala, sua voz foi calada, afinal, objeto não protesta. Por que uma mulher deveria obedecer a alguém?

Ao longo do tempo a mulher se tornou o sexo frágil, mas “amparada” por quem? Se não é recatada, religiosa e familiar, está “pedindo” para o homem assediar, transformando a independência em um sonho distante de liberdade.

Um parceiro, dois ou três. Mulher gostar de sexo nunca fez sentido para a sociedade, afinal ela nasceu apenas para procriar, não é? Não mesmo. Onde está a liberdade de sentir prazer? Uma mulher não é vulgar apenas por se envolver com a sexualidade.

Voltou da balada com o salto na mão, a minissaia e a blusa decotada. Foi coberta por assobios, cantadas baratas e olhares desejosos. Seu corpo à mostra exalta o que, além da vontade de ser livre para vestir?

O ato de silenciar perdura até hoje. A luta e as causas são ignoradas, mascaradas e viram piada para a sociedade patriarcal. Eles dizem que é vontade de aparecer e dramatizar. Mas, na verdade, ela só quer lutar.
Tem certeza que a cultura do estupro não existe mesmo e as lutas feministas continuam sendo infundadas?
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