Tuntz Tuntz, elas empoderaram a música!
- Veronica Bernardino
- 14 de jul. de 2016
- 4 min de leitura
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“Vai e mostra como é // Não se brinca com mulher // A vingança vai ser dura // Faz ele chorar”. Esse trecho compõe a música “Não se brinca com mulher”, da funkeira carioca Marcelly, lançada em seu novo CD “Dona da Noite” no final de 2015. A exemplo do trabalho de Marcelly, é muito comum hoje o funk e o rap funcionarem como divulgadores do empoderamento feminino. A quebra de sucessões de erros ao tratar a mulher como objeto sexual aos poucos vem se intensificando nas áreas que antes eram dominadas pelos homens. As regras do jogo para a conquista não têm só a ver com o apelo sexual, mas passam também pela investida em um relacionamento igualitário entre homens e mulheres no dia a dia. Isso sim é puro tesão!
Marcelly é um dos nomes utilizados pela grande mídia para ilustrar a "invasão" feminina no funk, mas não podemos esquecer de Valesca Popozuda, Inês Brasil e Mc Carol. No início dos anos 2000, a visibilidade das mulheres arrebatadoras começou com Tati Quebra-Barraco, forte e cheia de personalidade. O empoderamento feminino acontece de diversas maneiras e nós vamos falar justamente sobre o reconhecimento de três minorias estereotipadas que, unidas, estão mostrando o papel político que lhes cabe: o funk, o rap e a mulher.
A cantora juizforana Xuxu Vieirah, mais conhecida como Mc Xuxu, está abalando as redes sociais com suas letras ousadas e sem hipocrisia. Seu lançamento mais recente (Maldiva), feito em parceria com a cantora Mc Trans, aborda justamente as questões relacionadas à liberdade dentro de cada um. Segundo Xuxu, a música traz dois assuntos importantes: a liberdade e necessidade de união dentro do movimento LGBTTI. Xuxu faz questão de reforçar que suas letras têm sempre o mesmo objetivo: falar sobre “liberdade, liberdade, liberdade, liberdade”. A funkeira pensa muito em suas produções, desde as letras até a etapa final: os vídeos. O cuidado existe justamente para não ser acusada de transfobia ou machismo, suas duas maiores lutas. Paula Duarte, uma das produtoras de Xuxu, reafirma que a personalidade e as ideias vêm sempre da cantora. “A prioridade é sempre deixar a Xuxu falar e não interferir nas experiências que ela traz com ela”. As narrativas bem contadas da artista é fruto de muito companheirismo e inspiração.

Um dos nomes do rap feminista de Juiz de Fora é a estudante de jornalismo Laura Conceição. Para ela, seu dom com as rimas serve para questionar a política e a cultura opressora. Começou seu trabalho timidamente, escrevendo poemas, e hoje atua militando no movimento hip hop da cidade. As apresentações da universitária geralmente acontecem em bares e saraus. Ela acredita que ainda faltam mulheres atuantes no cenário da cidade em comparação com os homens. E emenda uma rap, durante a entrevista, como provocação: “as minhas rimas tão nas ruas, por enquanto é o seguinte, se ainda não chegou até você é porque não é pra você ser ouvinte”.

Ao encontro das ideias feministas e femininas na música, não podemos esquecer de uma das letras mais conhecidas da funkeira Mc Carol, que faz a seguinte reflexão sobre os relacionamentos: “Meu namorado é maior otário // Ele lava minhas calcinhas // Se ele fica cheio de marra eu mando ele pra cozinha // Se tu não tá gostando, então dorme no portão // Porque eu vou pro baile, vou pra minha curtição”. O estudante de Engenharia de Produção da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Volnei Junior, é consumidor do mercado do funk brasileiro, embora o gênero não seja sua única referência musical. Segundo Volnei, o funk é mais uma ferramenta para as articulações político-sociais, assim como os livros e poesias. O fato de o estilo musical estar presente nas ruas, entre as pessoas, é característica importante para ganhar amplitude nas discussões. Admirador do trabalho de Carol, Volnei diz sobre suas impressões aos comentários que tentam desmerecer os posicionamentos feministas das funkeiras. Para ele, é importante trazer esses retratos justamente para desconstruir o comum. “Se alguém falar que a mulher lava as cuecas do marido ninguém vai estranhar, é um comportamento que é normal para a sociedade, enquanto colocar a mulher em outro papel soa estranho”.
A cantora sul matogrossensse e Miss Mundo Campo Grande 2014, Paula Gomes, começou a trabalhar profissionalmente com música há seis anos e viu nos concursos de beleza a oportunidade de divulgar sua carreira. Paula conta que depois de atuar como Miss teve que começar a se restringir como cantora. Aos poucos ela percebeu que os estereótipos com os quais se deparava - de mulher fina, elegante, recatada, que não dança - estava se sobrepondo à sua personalidade. O público e os agenciadores não reagiam bem à divulgação de suas fotos e vídeos em cima do palco. Os comentários eram tão negativas que optou por deixar a música de lado enquanto focava nos compromissos de Miss.
Após ter passado por essa experiência, Paula conta que passou a se preocupar muito mais com suas composições. Ela sempre admirou o trabalho e importância das funkeiras e busca trazer para suas músicas algumas dessas referências, mesmo não sendo atuante nesse estilo musical. “Antigamente a mulher cantava o que era agradável para os ouvidos dos homens, hoje as mulheres cantam para elas mesmas”, analisa Paula. Para ela, é muito relevante retratar a liberdade sexual que aflora das mulheres, sem vergonha de as colocar em primeiro plano.
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