E quem não tem o que comer?
- Carina Salgado e Matheus Brum
- 2 de jun. de 2016
- 3 min de leitura
Ao longo de todo o projeto “Experimente”, do Uma Pá de Histórias, falamos sobre comida e suas variações. Mostramos crianças se lambuzando, falamos de comida vegana, orgânica, saudável, fast food, entre outros tipos. Mas não podemos nunca nos esquecer que nem todos têm acesso à alimentação. Várias pessoas, principalmente as que estão em situação de rua, muitas vezes não tem onde se alimentar, e dependem da ajuda de “anjos” e de instituições filantrópicas ou governamentais.
A Sociedade Beneficente Sopa dos Pobres foi fundada em 1931 e vai fazer 85 anos no próximo dia 5 de Julho. Desde que foi fundada, sempre trabalhou com doações. Segundo a funcionária Roselaine Ribeiro, que trabalha na parte do escritório, a instituição se baseia em doação de roupas, dinheiro, pequenos enxovais, material de higiene pessoal, e não possui nenhum convênio com a prefeitura, o estado ou a federação. Atualmente, a sociedade conta com 13 voluntários e cinco funcionários.

Placa da entrada da instituição. Foto: Carina Salgado
A instituição recebe cerca de 200 pessoas por dia e funciona de segunda a sexta, das 11h às 12h, oferecendo uma sopa - que é o prato básico - e um pãozinho de sobremesa. Ainda segundo Roselaine, “ na medida no possível, quando temos ingredientes fazemos um arroz, um feijão com uma carne ou frango”. Pode entrar quem quiser, e repetir quantas vezes quiser.
Flávia Dias, 48, trabalha com material reciclável na Associação de catadores de papel e frequenta a instituição há 16 anos. Desde criança ia com o pai, que também trabalhava com reciclagem. Ele faleceu há três anos, mas ainda assim, Flávia continua frequentando a casa todos os dias. Segundo ela, “a sopa é muito boa, é tudo muito limpinho, o trabalho é muito bem feito. E além de a gente almoçar, ganhamos doações”.
Atualmente ela mora no bairro Santa Rita com seus 6 filhos e seus netos, que também traz para almoçar na Sociedade Sopa dos Pobres. Para Flávia, a instituição ajuda muito. “O dinheiro que eu ganho catando papel não rende, e nós, lá da associação, não temos condições de pagar almoço todo dia. Então a gente sai de lá e vem almoçar aqui, não só eu, mas outros associados também.”
Savanah, 29,que também trabalha com reciclagem e atualmente está em situação de rua, frequenta a instituição há 10 anos. Ela é transexual e veio do Rio de Janeiro por conta de desentendimentos com a família, que não aceitava sua opção: “Aqui é muito bom para mim, principalmente que estou em situação de rua, por causa da alimentação. E não é só isso, sempre quando tem datas especiais como páscoa nós ganhamos alguma coisa a mais. Nos dão cesta básica, verduras, legumes, roupas, então para mim é muito bom”, relata.
Ela conta que durante a noite dorme em albergues. Quando a sociedade não abre, ela vai a restaurantes: “geralmente os restaurantes, depois do horário de almoço, dão comida, a gente leva vasilha e eles colocam para a gente. Mas é tudo direitinho, é o que sobra na panela”. Ela relatou que a pior coisa que já comeu foi algo com sabor agridoce de um restaurante japonês.
Em todos os casos, há sempre um outro lado da moeda. Alguns têm tudo que desejam na mesa, outros não possuem nada. Para conhecer e ajudar a Sociedade Beneficente Sopa dos Pobres é bem simples. A sede está localizada na Rua Santo Antônio, 110, Centro, e o telefone é 3211-8401.

Frequentadores almoçando no interior da instituição. Foto: Carina Salgado
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